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Identidade Brasileira | Ale Ruaro

O retrato fotográfico é uma janela. Quando o olhar ultrapassa seus batentes, encontra do outro lado não só um vulto, mas a realidade que o abriga, seu universo pessoal. O retrato não é só uma imagem de alguém - esse termo que aponta para o outro que poderia ser, mas não é. Ele é ímpar como o personagem que (se) apresenta. Diferente do alguém por quem cruzamos na rua, o retratado é, em si, um convite a que participemos de um diálogo. 

Quando essa outra vida se mostra, com seus anseios e sua história, encontramos no outro uma realidade de sentimentos e percepções que nos são, ao mesmo tempo, tão estranhos e tão familiares. A união que surge contamina a realidade do observador e lhe proporciona perceber, de agora para sempre, sendo também outro. 

Em tempos em que a empatia, essa capacidade de comungar a vida, parece ser tão distante, a oportunidade de entender o outro como semelhante que compartilha das mesmas necessidades e direitos faz do retrato, fundamentalmente, uma afirmação política. 

Identidade Brasileira é, por isso, um registro de uma segregação e um convite a sua solução.

   

Texto Gustavo Pozza   

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